terça-feira, 4 de setembro de 2012

HFT e o processamento em nuvem.

(...) Uma das coisas que é inerente ao HFT, até que alguma lei em algum lugar do mundo faça ser diferente, é a necessidade de baixa latência.

O processamento na nuvem sempre vai gerar um problema de latência já que pela própria definição de "nuvem" ele envolve um serviço que é provisionado e acessado de forma remota através de alguma rede de computadores.

Isso significa que a idéia de ter algoritmos de HFT rodando em um grande servidor localizado em algum lugar do mundo é algo que provavelmente não vai se tornar realidade.

Temos visto o movimento para servidores "co-locados" ou situados nas proximidades das bolsas de valores e já há um grande falatório no sentido dos algoritmos ficarem posicionados em máquinas virtuais que rodem nos servidores das próprias bolsas! Isso reduziria ainda mais a latência e elimina as chances do processamento em nuvem vir a ser algum dia uma coisa relevante para HFT.

De qualquer forma se alguém perguntar sobre o processo de análise de dados que torna possível a existência e a operação dos algoritmos de HFT. É nessa hora que o processamento em nuvem tem o seu papel.

FONTE: Entrevista com o professor Dave Cliff - HFTReview.

NOTA DO EDITOR: Máquinas virtuais rodando nos servidores das próprias bolsas! O que pode oferecer menor latência do que isso?

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Switch mais rápido do mundo já está em BETA

Zeptonics, uma empresa baseada em Sydney, Austrália, anuciou hoje que o seu switch ZeptoMux entrou na fase de testes beta dentro de alguns clientes nos Estados Unidos e na Asia. Esse equipamento é o mais rápido do mundo com latência na casa dos 130 nanosegundos.

O ZeptoMux foi projetado para direcionar mensagens vindas de até 23 nós 10GbE para um único nó e vice-versa de forma otimizada para as aplicações de trading.

A Zeptonics é uma empresa que possui uma combinação rara de know-how em hardware, software e trading.

FONTE: HFTReview

NOTA DO EDITOR: 1 nanosegundo é 1.000.000 vezes menos tempo do que 1 milisegundo que é a medida de referência de tempo na qual a maior parte da atividade HFT no Brasil acontece hoje. Isso significa que o mercado de HFT no Brasil ainda vai assistir uma corrida desenfreada rumo a latência mínima nos próximos anos. Ainda não vimos nada.

sábado, 1 de setembro de 2012

O que é HFT? - Parte 1


A evolução tecnológica das últimas décadas teve um grande impacto na maneira pela qual os instrumentos financeiros são negociados. Esses avanços permitiram que as empresas de investmento ou mesmo os indivíduos mais bem aparelhados passassem a ser capazes de executar centenas de ordens, eventualmente em diferentes mercados, num intervalo de tempo menor do que um piscar de olhos.

Essa característica atual do mercado de capitais passou a ser categorizada debaixo do termo "trading de alta-frequência" ou HFT e tem sido objeto de uma grande discussão em todo mundo, nem tanto ainda no Brasil.

Nesse pequeno artigo, dividido em duas partes, apresentamos um pouco dos conceitos fundamentais do HFT e de suas principais estratégias.

1. O que é HFT?

É difícil encontrar uma definição única para HFT. Isso não chega a ser uma surpresa dado que HFT pode ser um componente de diferentes tipos de atividades financeiras e de múltiplas estratégias de trading. Uma forma possível de definir seria:

"A execução de estratégias de trading baseadas em algoritmos computacionais com o objetivo de capturar oportunidades que podem ser individualmente muito pequenas ou existir por um período de tempo muito curto."

No caso prático, a atividade de HFT geralmente faz uso de alguma das seguintes estratégias:

1.1 Market Making

A função clássica de um market maker é colocar ofertas nos dois lados do mercado (compra e venda) de forma a garantir liquidez e velocidade de execução aos demais investidores.

A utilização de algoritmos automatizados permite que os market makers negociem um volume maior oferecendo spreads menores (spread = diferença entre a menor oferta de venda e a maior oferta de compra) e beneficiem aqueles investidores que desejam transferir o risco de suas posições (comprar ou vender).

Um market maker ganha dinheiro fazendo uma margem muito pequena em cada trade de um grande volume de trades. Sua habilidade em ser o primeiro a colocar os melhores preços dispóniveis (bid e ask) é chave para o seu sucesso.

Velocidade também é importante para a gestão de risco do market maker dado que se o mercado virar ele será capaz de rapidamente atualizar suas posições. Gerenciando bem seu risco ele pode então oferecer spreads menores para o mercado.

1.2 Arbitragem Estatística

A arbitragem estatística envolve alguma uma estratégia de trading que tenta aproveitar a ineficiência de precificação dos instrumentos financeiros que é normalmente caracterizada por um desvio na relação de preço de dois ou mais deles. Compra-se o ativo que está relativamente mais barato. Vende-se o ativo que está relativamente mais caro.

Do mesmo jeito que acontece com market making o lucro de cada trade é bastante pequeno e a velocidade no aproveitamento de cada oportunidade é chave para o lucro ao longo do tempo.

FONTE DE REFERÊNCIA: Optiver Corporate








sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Ordem "Anti-HFT"

A empresa Direct Edge vai incluir um novo tipo de ordem que se destina aos clientes que não querem interagir com algoritmos durante seu trading.

O novo tipo de ordem é chamado "Route Peg" e foi aprovado pela SEC na semana passada. Esse novo tipo de ordem vai estar disponível em ambas as bolsas da Direct Edge (EDGA e EDGX).

As ordens do tipo "Route Peg" são ordens limitadas que ficam escondidas e são precificadas no Bid ou no Ask do mercado. Elas só executam contra ordens que estiverem sendo roteadas para fora das duas bolsas da Direct Edge, isto é, ordens que não executaram imediatamente e ao invés de serem canceladas foram roteadas para algum outro mercado.

Em geral, essas ordens que são roteadas para outros mercados não são ordens enviadas por algoritmos. Na hora que uma dessas ordens vai ser roteada pra fora ela é eventualmente executada contra uma ordem "Route Peg".

FONTE: Traders Magazine

NOTA DO EDITOR: Nos não temos múltiplos mercados no Brasil, o que é algo bom e ruim ao mesmo tempo por motivos que não vou descrever aqui. Por causa disso, esse tipo de ordem não faria sentido no nosso país. O que é interessante na notícia é o fato de que existe demanda nos EUA para ordens que não interajam com as estratégias HFT de nenhuma forma.

Menos HFT = Menos Crescimento?


Um estudo encomendado pelo Governo Britânico aponta possíveis danos ao crescimento econômico caso algumas das propostas que tentam conter a prática do HFT sejam aprovadas.

Segundo o relatório existem evidências de que algumas das propostas que estão sendo revisadas pela Mifid , como o aperfeiçoamento dos "circuit breakers", são positivas. Ao mesmo tempo o texto mostra que não existe nenhuma evidência de que forçar os algoritmos que atuam como "market makers" a manter continuamente ofertas nos mercados seja algo benéfico.

Um dos legisladores responsável pela criação de novas regras para HFT na Europa, Markus Ferber, quer introduzir propostas que obrigam os market makers a manter ofertas no mercado por pelo menos 500 milisegundos antes de cancelá-las.

Segundo o relatório essa obrigatoriedade não é consistente com algumas das estratégias sendo usadas por essas empresas e que portanto há o risco de que elas sejam obrigadas a sair do negócio de oferecer liquidez ao mercado.

Com quase 50% da liquidez disponível vindo dos algoritmos essa saída pode ser algo desastroso, afirma o relatório.

O estudo foi assinado por Jean-Pierre Zigrand (London School of Economis), Oliver Linton (Cambridge University) e Maureen O´Hara (Cornell University).

FONTE: Financial Time (FT.com)

NOTA DO EDITOR: No contexto Brasileiro é difícil compreender esse tipo de tentativa de restrição dado que nosso mercado precisa ainda mais de oferta adicional de liquidez. Estima-se que 80% do volume de HFT no mercado seja de estratégias de "liquidity provision" justamente as que são alvo dessa tentativa de regulação na Europa.